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Noticia de: 09 de Outubro de 2018 - 09:59 | ||||||
Quase um bilhão de meninas e jovens não têm acesso ao ensino de habilidades para as profissões do futuro, diz estudo | ||||||
Um relatório divulgado nesta quarta-feira (9) pelo
Fundo Malala aponta que 955,6 milhões de meninas e mulheres de até 24 anos
atualmente não têm acesso ao ensino e desenvolvimento de habilidades
consideradas fundamentais para o mercado de trabalho do futuro. Farah Mohamed, CEO do Fundo Malala, afirmou que deixar de preparar a geração atual de meninas e jovens pode deixá-las vulneráveis a situações laborais precárias no futuro. Entre as habilidades estão tanto os conhecimentos
tecnológicos quanto a capacidade de resolver problemas, que Mohamed diz serem
"aptidões necessárias para ter sucesso em um mercado de trabalho que muda
rapidamente". Segundo o relatório "Força total: por que o mundo funciona melhor quando as meninas vão à escola", elas podem ser distribuídas em quatro níveis: 1. Habilidades digitais básicas: Acessar e interagir com tecnologias
digitais, como saber se conectar à internet, criar contas e perfis, acessar
recursos e informação, ajustar as configurações e gerenciar arquivos 2. Habilidades digitais genéricas: Usar as tecnologias digitais de maneiras
significativas e benéficas; por exemplo: criar conteúdo, se comunicar
digitalmente e ter consciência sobre direitos e segurança digitais 3. 4. Habilidades do século 21: São as habilidades que vão além da
alfabetização e dos conhecimentos numéricos básicos, como comunicação,
colaboração, resolução de problemas, criatividade e pensamento crítico 5. 6. Habilidades de alto nível: Usar a tencologia digital de forma empoderadora
e transformadora, como desenvolver aplicativos, gerenciar redes, programação,
análise e processamento de dados 7. "Vários estudos mostram que dar 12 anos de
educação para meninas teria consequências que mudariam o mundo. Não tomar
medidas e permitir que mulheres e meninas permaneçam sem educação e
desempregadas desperdiça seu potencial e impede o progresso econômico global e
o desenvolvimento sustentável", afirmou a CEO do fundo. O documento recomenda aos líderes do G20, o grupo de
países mais ricos do mundo, uma linha de ação para reverter o problema. Segundo
Mohamed, isso inclui "aumentar os orçamentos internos para a educação em
países em desenvolvimento, aumentar as contribuições de doadores e lançar uma
nova iniciativa para dar às meninas as habilidades de que elas precisam para
competir com outros trabalhadores". Problema é pior nos países mais
pobres
O relatório usou como base uma
análise de informações feita pelo Instituto de Estudos do Desenvolvimento
(IDS), do Reino Unido, que cruzou dados oficiais sobre as matrículas de meninas
na educação formal e informações da ITU, a agência das Nações Unidas sobre
tecnologias de informação e comunicação para estimar o número, que representa
65% da população mundial feminina com até 24 anos.
Mas o relatório também comparou quantas meninas e mulheres
jovens estão nessa situação em quatro grupos de países: os de renda baixa, de renda média-baixa, de renda média-alta e de renda alta.
Os números mostram que, quanto mais pobre é o país, maior a
porcentagem de mulheres jovens que, atualmente, não estão sendo preparadas para
cumprirem as exigências do mercado de trabalho dos próximos anos:
Exclusão, exploração e desigualdade Criado pela ativista paquistanesa Malala Yousafzai depois que ela sobreviveu a um atentado promovido pelo Talibã,
o Fundo Malala fomenta iniciativas de inclusão de meninas nas escolas. Em entrevista por e-mail concedida ao G1, Farah Mohamed, a CEO da organização, afirmou que "a educação formal deve ser capaz de equipar as meninas com as aptidões necessárias no século 21 para conseguir empregos que ainda não existem" e que, "se as meninas continuarem a perder oportunidades educacionais, especialmente nos países mais pobres, elas estarão mais propensas a acabar trabalhando e vivendo em condições precárias, inseguras e às vezes exploradoras". Ela lembrou que, segundo estimativas da Unesco, nos próximos dois anos 40 milhões de vagas de emprego em todo o mundo não poderão ser preenchidas por falta de trabalhadores qualificados. "Isso significa mais desemprego, mais brechas no mercado de trabalho e crescimento econômico mais lento". Para ela, não são apenas as meninas que vão sofrer com esse problema. "Comunidades inteiras, países e o mundo inteiro são afetados quando milhões de meninas não podem ir à escola", afirma Mohamed. Por outro lado, educar as meninas, defende ela, é vantajoso também para toda a comunidade. "Os benefícios disso vão além do futuro das meninas – nosso mundo funcionará melhor quando todas as meninas estiverem aprendendo e ganhando dinheiro de acordo com seu pleno potencial", diz ela.
"Em julho,
quando estávamos no Brasil, o Fundo Malala e o Banco Mundial publicaram dados
que demonstram que, se todas as meninas concluírem o ensino médio, 30 trilhões
de dólares seriam adicionados à economia global."
Fonte - G1 |
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